terça-feira, 9 de outubro de 2012

Deus existe



Eu sempre consultava os amigos antes de aprontar alguma arte para valer, na minha infância eu ainda acreditava no sistema.

Se havia um lugar onde ninguém brincava, esse lugar era a igreja. A igreja era mais rígida que a escola e, além de ser excomungado, eu poderia deixar toda a família em má situação na sociedade.

A Primeira Comunhão seria também a minha primeira prova de fogo.

Eu poderia até ter me saído bem se, assim como em outros lugares, eu pudesse ficar em meu canto, calado.  

O problema é que a educação religiosa exigia a participação das crianças e, apesar da maioria ter se mantido em seu canto, eu era uma pessoa que não fugia de uma boa discussão.

Quando o padre disse para que todos fizessem suas perguntas,  eu acreditei realmente que poderia. Eu disse que começaria pelo básico: Sinal da cruz, padre nosso, etc., como estava tudo muito cordial, eu comecei a fazer algumas perguntas mais polêmicas.

"Livrai-nos Deus de nossos inimigos" - Quem são os nossos inimigos? Perguntei.

Para disfarçar, a freira que me conhecia bem, disse-me - Se você não sabe quem são seus inimigos, então é melhor deixar assim.

Um ano depois eu enviaria uma carta para o presidente da república, General Ernesto Geisel, denunciando o desvio de verbas na escola. Proibido de andar na principal rua da cidade, eu aprenderia na prática o conceito de inimizade.

Aquela carta, segundo a burguesia comerciante, teria acabado com a reputação comercial da cidade na região e isso era imperdoável. Apesar de ter apenas 10 anos, muita gente já queria a minha cabeça.

Eu ainda faria algumas perguntas provocantes para o padre, até a pergunta mais polêmica: Será que Deus existe, padre?

Esta é uma pergunta básica para um bom cristão, mas ninguém é louco de fazer e, alguns, nem gostam de responder.

O mais interessante é que essa pergunta eu não faria nem entre amigos, muito menos em família, mesmo assim, eu fiz para o padre. Eu confesso que eu aproveitei a distância, de onde eu poderia fugir rapidinho - eu jamais perguntaria, se eu estivesse próximo a ele.

O padre me olhou seriamente e disse - Por que você não faz essa pergunta para si mesmo?

 - Eu já fiz - respondi.

 - Então guarde a resposta para si mesmo e nos poupe dessas palavras.

Eu obedeci e permaneci em silêncio, até que o padre me chamou e questionou o motivo da pergunta.

 - Sabe, padre - expliquei - eu tenho lido o antigo testamento e, no antigo testamento, Nosso Criador proibia que as pessoas falassem o seu nome.  "Sou o que sou", essa era a frase com a qual ele se identificava - completei.

O nome Deus foi muito utilizado depois de os cristãos entrarem em contato com os romanos que, aliás, tinham muitos deuses e eu não tenho dúvidas que tiraram vantagens do novo testamento.

O próprio Jesus Cristo, Nosso Senhor, utilizou pouco a palavra Deus e, uma das mais memoráveis foi: "A César o que é de César e a Deus o que é de Deus."

Só essa frase já justificaria o uso do nome Deus, mas, aí, vem o problema da tradução do aramaico, latim e a adaptação para os costumes dos grandes imperadores - alguns foram verdadeiros cristãos.

Para distinguir Deus, o Todo poderoso, dos deuses míticos, Deus passou a ter do D maiúsculo, além de ser o único Deus adorado entre os cristãos.

Pelo menos uma religião foi criada tendo como principal propósito divulgar o nome verdadeiro de Deus, Testemunhas de Geová. Na igreja católica, o nome de Deus é Javéh, Yaweh, enquanto entre os islâmicos, o nome de Deus é Aláh.

Eu não sou linguista mas, entre Geová e Javéh, eu noto apenas uma diferença de pronúncia, sotaque.

Contudo, eu também não acho que descobrir o nome verdadeiro de Deus seja um propósito maior que viver as palavras dele e, apesar dele ter deixado cerimônias importantes, como a comunhão, ter uma vida digna é a sua maior vontade, se analisarmos a sua vida.

Hoje, eu não sou mais criança e não brigo mais para saber se Deus existe, apesar de estar sempre pronto para algumas perguntas provocativas, como um bom moleque de rua, politicamente incorreto, mas agora eu preciso de um bom motivo.

Será que Deus existe mesmo?

By Jânio

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